28 agosto, 2006

MUNDINHO BATISTA

MUNDINHO BATISTA
POR MOISÉS PEIXOTO



1- Ninguém vai a uma Igreja Batista à-toa. Mesmo atendendo a um convite sem compromisso, ninguém vai desinteressado, apenas para gastar o tempo. Mesmo que seja por este motivo, termina ouvindo tudo o que é dito lá dentro. Estando lá, tudo ou nada pode acontecer. A pessoa pode ser afetada ou ser contrariada; Da entrada da porta até o momento de passar por ela de novo para ir embora, o indivíduo estará sujeito aos diversos tipos de constrangimento por parte do pastor e demais membros da Igreja, porque tudo o que acontece ali tem propósitos proselitista. A verdade da Igreja tem que ser reafirmada e ser também a verdade de mais pessoas.

2- O momento do culto pode seduzir, pode emocionar e vir ao encontro de quem está lá ouvindo. Mas ao ir ao encontro, nunca bate com alguém vazio, sem nada a dizer; em outras palavras, ninguém está lá na posição de recipiente vazio pronto para ser, simplesmente cheio. O referido encontro não é uma via de mão única, não é um monólogo. O que acontece neste momento é um diálogo, muitas vezes um debate ferrenho, onde as mensagens que lhes são dirigidas por tudo o que acontece no culto se entrecruzam com o ouvinte; que na verdade não é apenas um ouvinte. O silêncio deste não significa passividade. Ao ouvir todas as mensagens, sejam estas musicais, testemunhos pessoais e a pregação; bem como ao ver todas as encenações, coreografias, gestos e demais posturas dos membros da Igreja, o dito “ouvinte” que está ali visitando, está de alguma forma [dentro da cabeça dele pensando no que está ouvindo], dialogando com todas essas mensagens. Neste sentido ir e assistir ao culto, é o mesmo que ir participar de uma grande duelo grupal, onde você estará sujeito a ser convencido a fazer dele parte.

3- Uma vez perdendo a capacidade de manter o diálogo, de contradizer ou de responder aos seus interlocutores, a pessoa pode ser engolida pela fala deles; sua verdade pode ser substituída pela deles, enfim, você termina se rendendo aos apelos do grupo. Você é desarmado, rendido e, simbolicamente, demonstra isso ficando com as mãos para o alto, bem erguidas, em resposta ao convite que é feito pelo pastor. Você se “converteu!”

4- Mas também a pessoa pode simplesmente ir propensa a aderir ao grupo. Este, nem precisa fazer muito esforço para envolvê-la, seduzi-la porque, de alguma maneira, ela já vai ao seu encontro seduzida por algo que imagina nele encontrar. Uma pessoa assim, não vai para dialogar, duelar com as diversas interlocuções a qual estará sujeito; ela vai mesmo é para se aliar e com ele coopera, desde que pense que suas perspectivas estejam sendo bem entendidas e acredite que possam ser satisfeitas no interior do grupo. O fato é que “o converso não sabe no que crê” (ALVES, 1982:270).

5- O batista, o crente ou o evangélico não é forjado no momento em que ele se converte. É o convívio que ele passará a ter dentro da Igreja e com ela que lhes dará tal formatação. Uma vez tendo decidido freqüentar a Igreja continuamente e participar das suas atividades a pessoa vai tomando conhecimento do imaginário religioso do grupo e sendo por ela induzida a primeiramente ser “batizada”. O batismo é o ritual que simboliza o “novo nascimento” da pessoa e o desejo dela de fazer parte da “Igreja de Cristo” e da denominação que a representa. Como parte deste simbolismo, a pessoa tem de, antes de ser batizada, fazer uma “profissão de sua fé” [uma declaração pública] diante da Igreja, respondendo a inúmeras perguntas feitas pelo pastor ou qualquer membro dela. Só ocorrerá o batismo se a Igreja se satisfazer com as respostas que o novo prosélito der e o aceitá-lo, após discussões e uma votação a respeito. Costuma-se sempre aceitar candidato mesmo que não saiba responder a todas as perguntas que lhes são feitas; dificilmente algum pedido é recusado. O difícil não é entrar para a Igreja, mas é sair dela, mesmo que a pessoa seja sumariamente excluída pelos seus integrantes. O indivíduo sai da Igreja, mas esta não sai dele; ela pode até sair dele embora que ele não saia dela jamais.

6- O batismo é apenas uma parte do processo de assimilação a qual o neófito vivencia, outras experiências lhes sobrevirão. Os assim chamados, “novos convertidos” pela Igreja, são levados a participarem de uma escola dominical para serem amplamente doutrinados em alguma classe formada por membros antigos da Igreja ou em classes formadas especialmente para os novatos do grupo. É nesta escola dominical, onde as pessoas aprendem a manusear os signos e símbolos religiosos da respectiva denominação na qual a Igreja faz parte, isto é, aprendem a utilizar a versão da Bíblia aceita pela Igreja; a fazer o mesmo tipo de leitura dos demais membros; a conhecer os limites do grupo desta leitura e seus padrões éticos de comportamento interno e externo (a subjugar as demais religiões, e obedecer a real democracia cristã). Não obstante, as pessoas são assimiladas por outros meios também.
7- O neófito vai absorvendo o modo de ser da Igreja da qual participa na medida que vai participando das outras atividades patrocinadas por ela, além da escola dominical. E isso se dá por meio dos diversos tipos de cultos que lá ocorrem não só no domingo, mas em outros dias da semana tanto no próprio templo como em alguma casa de algum dos irmãos; (praças, quadras, locais de grande circulação popular) dá-se também através do envolvimento com outras atividades, tais como Acampamentos, retiros espirituais, atividades esportivas, competições, jogos educativos e de lazer especificamente. (intercambio como forma de mostrar e comparar a realidade de outros grupos, evangélicos ou não!)[Todavia, existem outras atividades e acontecimentos não oficializados e até, publicamente condenado pela Igreja que ela, paradoxalmente, faz ou dentro nela existem e que também contribui para a formação/construção do evangélico, do crente ou do batista.]

8- Não é só de virtudes religiosa que é feito um evangélico, mas também de todos os vícios humanos também. A mudança não é ontológica, o que muda é apenas a antiga forma de linguagem (ALVES, 1982:...). O novo nascimento não é um aprimoramento, um progresso, uma evolução espiritual, místico e nem uma “volta às origens”, um “recomeçar”. Ninguém morre, fisicamente e biologicamente falando, e ressurgi com um novo corpo, um novo dentro e fora, um no (novo) ser mitológico. Este “novo nascimento”, é um continuar vivendo como sempre se viveu, porém, com o colorido e um sabor dado pelo grupo onde este novo nascimento aconteceu. É um vestido, é uma casca, é uma pele que a pessoa adota para se diferenciar, aparentemente, dos que estão fora da Igreja.



O TEXTO VAI SER TERMINADO!!! POR ENQUANTO É SÓ!!!!

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